quarta-feira, 24 de março de 2010


Haití


Visita de Bush desperta suspeitas entre os haitianos

Porto Príncipe (Prensa Latina) Os ex-presidentes dos Estados Unidos William Clinton e George W. Bush chegaram nesta segunda ao Haiti para uma visita de um dia em meio a sentimentos opostos pela presença do segundo, que não goza de muitas simpatias nesta capital.
 
 Ambos os ex-presidentes criaram a Fundação Clinton-Bush, com o objetivo de arrecadar ajuda para o país caribenho, cuja capital e cidades próximas foram açoitadas por um devastador terremoto no dia 12 de janeiro deste ano.
 
O referido terremoto deixou mais de 220 mil mortos, 300 mil feridos e mais de um milhão de desabrigados, boa parte dos quais ainda carecem de barracas de campanha onde possam resguardar-se.
 
Clinton, que visita o país pela segunda vez depois do terremoto, e Bush se reunirão com membros do governo haitiano e com pessoal que fornece assistência aos atingidos, com o objetivo de garantir a reconstrução da nação, em longo prazo.
 
Até agora, a fundação de ambos os ex-presidentes arrecadou 36 milhões de dólares para o Haiti, mas nem mesmo assim Bush é bem visto por uma parte dos haitianos, que acham que cada um de seus gestos leva algo oculto.
 
Pierre Jaraque, um dos centenas de haitianos que manejam um tap-tap (os pitorescos meios de transporte) nesta capital acredita que "George Bush tenta limpar sua imagem, depois de muitos anos nos quais quis pisotear os haitianos".
 
"Agradeço tudo que tente para ajudar meu país, mas há vezes que tenho que suspeitar, porque se nunca teve boa vontade, como a vai ter agora, no momento em que menos pode fazer", comenta Jaraque.
 
Em um país onde instalou mais de 13 mil soldados estadunidenses, Virgine Cicé, que dava aulas de aritmética em uma das escolas destruídas pelo terremoto, considera que o outrora presidente "não é bem-vindo no Haiti".
 
"Ele, Bush, conspirou contra os haitianos e fez todo o possível por retirar o (ex) presidente (Jean Bertrand) Aristide do poder. Agradeço-lhe a ajuda, mas certamente vem rodeado de muitos guarda-costas, porque tem medo", recordou Cicé, que busca agora um emprego.
 
A Fundação Clinton-Bush foi criada por iniciativa do inquilino atual da Casa Branca, Barak Obama, que enviou ao Haiti 23 mil soldados após poucos dias do terremoto, boa parte dos quais se preparam para perpetuar nos arredores desta capital.
 
Enquanto isso, milhares de haitianos buscam ainda um lugar onde resguardarem-se durante a próxima temporada de chuvas ou de furacões, que inicia no dia 1 de junho, e muitos outros buscam emprego em uma capital onde centenas de milhares de edificações foram destruídas.

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